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Por um planeta mais sustentável, comece pelo espaço que você habita

Por: Alexandre Regnani(*)

 

A ONUBR (Nações Unidas no Brasil) publicou um relatório onde estima que 79% da população brasileira viverá em centros urbanos em 2050.(1) No momento que estou escrevendo este artigo, a projeção da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em 207.357.806.(2)

Com 79% da população ocupando os centros urbanos em 2050, será necessário aumentar a oferta de transporte público, eletricidade, água e saneamento, serviços de saúde, entre outros, e moradias para a população. Aos governos, cabe a parte de investir em projetos de infraestrutura que atendam toda esta demanda que vem por aí, tanto para o manuseio de resíduos sólidos e rejeitos, abastecimento de água, como também transportes públicos, energia elétrica, enfim, todos os serviços necessários para manter as cidades e suas populações.

E a responsabilidade por todo esse processo de adaptação a novas formas de convívio cabe a todos nós, fabricantes, comerciantes, governantes e cidadãos. Produzindo, comercializando e utilizando produtos que tenham consciência sustentável, e já fazendo uso da “Logística reversa”, que propicia que estes produtos, ao concluir o ciclo de vida útil, sejam coletados e retornem ás indústrias, para assim serem reciclados e reaproveitados no mesmo ciclo de produção, ou em outras áreas de utilização, ou, por fim, que tenham um destino ambiental apropriado.

Nós, como arquitetos, teremos que repensar os espaços que habitamos, pois cada vez mais as pessoas precisarão trabalhar perto de suas residências, realizar as tarefas cotidianas pelas redondezas e, principalmente, sentirem-se acolhidas dentro de casa. E diga-se de passagem, os espaços habitacionais serão cada vez mais compactos.

E todos nós como cidadãos, podemos, e muito, ser participativos em várias ações, inclusive, termos mais consciência de como pretendemos habitar os espaços públicos e privados. Todos nós somos responsáveis pelo lixo que geramos e temos que saber como minimizar a produção dos nossos resíduos. Todos nós somos responsáveis pela energia elétrica e a água que consumimos. Todos nós somos responsáveis e somos parte deste mecanismo que pode fazer nosso pais, nosso mundo, ser mais sustentável.

E podemos começar repensando o espaço em que habitamos, temos que trazer o conceito de sustentabilidade para dentro da nossa casa, ou seja, suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades.

A ideia é ter consciência de que este mundo já estava aqui antes de pensarmos em habitar estas terras, portanto, os intrusos aqui somos nós. Temos que causar o menor impacto possível no meio ambiente, preservando-o e tornado a nossa estadia aqui mais agradável e sustentável.

 

Procure como parceiro para seus projetos de vida arquitetos que tenham a mesma proposta sustentável que você, assim, serão especificados em seus projetos materiais de acabamento que sejam sustentáveis e que permitam aplicação no local com uma quantidade menor de agregados, como por exemplo, materiais que permitam aplicação no local com uma quantidade menor de agregados, materiais de construção e acabamentos que busquem tornar os seus espaços de vida mais conectados com o planeta em que vivemos.

 

E seguindo neste propósito, e com a ajuda de um profissional, comece na compra dos materiais de obra com as quantidades corretas, evitando assim o desperdício na produção de resíduos. Informe-se sobre o processo de fabricação dos materiais, por exemplo, se a madeira é reflorestada, ou seja, se vem de florestas plantadas para fins de extração.

E para dar um destino correto aos resíduos da obra, contrate uma empresa que recolha os resíduos, mas que, principalmente, você tenha certeza que ela fará o descarte em local correto, enviando os rejeitos para um aterro sanitário – áreas devidamente escolhidas e com um solo tratado para receber estes rejeitos – que esteja alinhado a usinas de reciclagem que vão receber os resíduos sólidos e trabalhar com muito mais eficiência, dando condições de salubridade a quem tira seu sustento deste trabalho. Nunca contrate empresas ou pessoas que descartam os resíduos em terrenos baldios, rodovias e rios. Para a indicação de empresas que fazem o recolhimento de materiais recicláveis, entre em contato com a companhia de limpeza urbana de sua cidade.

Sobre os materiais provenientes da demolição, como portas, janelas, azulejos etc., sempre existem empresas que podem adquirir e reaproveitar. Ou então, porque não reaproveitar em seu próprio projeto? Converse com seu arquiteto. Fica a dica.

 

Pense também em usar a energia elétrica com mais consciência. O uso de lâmpadas LED (diodo emissor de luz) é ecologicamente correto e muito mais econômico, pois elas duram muito mais. O uso de dimmer, que regula a intensidade de luminosidade do ambiente, também visa a economia e o consumo consciente.

Verifique a possibilidade de instalar placas solares para aquecimento de água, e por que não placas solares fotovoltaicas para produção da sua própria energia elétrica? Pense nisso! E este investimento pode ser melhor ainda, pois conforme consta no site da ANEEL(3), já existe uma resolução normativa que permite que a energia produzida excedente pelas placas solares fotovoltaicas e micro geradores fique como crédito para abater na conta de luz paga às concessionárias.

Utilize equipamentos que nos ajudam a ter o consumo consciente, como máquinas de lavar roupa que nos avisam quando podemos reutilizar a água, torneiras com controle de fluxo, bacias sanitárias com duplo acionamento etc. E falando em reuso de água, que tal captar água da chuva, e reaproveitar para molhar plantas e reutilizar em sanitários?

 

E quando estiverem procurando um novo apartamento ou casa para fixar residência, procure empreendimentos que já estejam implantando práticas sustentáveis, daí fica mais fácil de se inspirar e trazer todas as dicas expostas acima para dentro do seu lar.

São formas e atitudes voltadas para o conceito de sustentabilidade, que o ajudarão a ter mais harmonia com o planeta que vivemos.

Nossas vidas estão em jogo.

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(*) Alexandre Regnani é sócio do escritório Glaucio Gonçalves Arquitetura e Design, com sede na capital paulista, responsável pelo desenvolvimento dos negócios na filial carioca, inaugurada este ano – expansão motivada pela oportunidade de incrementar o portfólio de serviços e conquistar nichos específicos de mercado. Antes de ter se lançado a este desafio, o arquiteto esteve ligado a grandes empresas atuando no desenvolvimento de projetos; entre elas, a Promon Engenharia, onde trabalhou nos últimos nove anos; e, anteriormente, a Beton Projetos, a Engevix e a Geotécnica. É graduado em Arquitetura e Urbanismo (Faculdades Integradas Silva e Souza), com especialização em Gestão Estratégica e Qualidade (Universidade Cândido Mendes), e MBA em Edificações Sustentáveis (Universidade Católica de Petrópolis).

 

 

(1)  <http://www.onu.org.br/cidades-terao-mais-de-6-bilhoes-de-habitantes-em-2050-destaca-novo-relatorio-da-onu/>.

 

(2) <http://www.ibge.gov.br/home/>.  

 

(3) <http://www.aneel.gov.br>.

 

Foto: Vivagreen.com

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